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Enfim, Celton aparece

Finalmente depois de quase 10 meses morando em BH encontrei o Celton. Com a sua tradicional placa anunciando “Revistas em Quadrinhos que eu mesmo fiz”, lá estava ele batendo ponto numa esquina da Avenida Cristovão Colombo. Acenei meio desesperado e ele atravessou a rua pra me atender.

– Cara, tô te procurando por BH há meses.
– Eu tô sempre por aqui. Só você que não me encontra – repetiu fazendo eco com vários dos meus amigos mineiros.

Pedi por uma revista e ele me entregou a nova edição.

Quando fui pegar o dinheiro, descobri que não tinha trocado. Prontamente ele respondeu:

– Depois você me paga.

(Onde e com quem mais isso poderia acontecer?)

Batemos um pequeno papo enquanto ele vendia uma revista pra trocadora de um ônibus que parou no sinal. Ao contrário do que eu esperava ele não guarda nenhuma das suas edições antigas. Ele até me indicou um lugar onde talvez, com muita ênfase no talvez, eu encontrasse alguma das edições mais novas. É claro que não divulgarei o endereço até passar por lá.

Me despedi prometendo lhe mandar um e-mail para combinar o pagamento dos R$ 3,00 que lhe devo e corri para casa para devorar a revista.

O que achei? Vou explicar com uma história. Uma vez um taxista reclamou que BH, metrópole juvenil, não tinha história. Eu lhe perguntei se ele conhecia o Celton. Frente a sua negativa, expliquei:

– Se você quer conhecer a história de BH, precisa ler as revistas do Celton. Ele é um quadrinista independente que vende suas revistas nos cruzamentos da cidade e retrata os episódios da história de BH de uma forma super divertida. É, na minha opinião, o maior cronista de BH.

Na sua revista mais recente, ele conta a sua versão da funesta história do goleiro Bruno, introduzindo, acreditem ou não, um surpreendente e bem feliz final.  Pra quem achava que não havia antídoto para os profetas do terror que infestam os nossos meios de comunicação, um conselho: leiam Celton.

Em tempo

Um conhecido meu uma vez disse que o dia da morte do Celton deveria se tornar feriado em BH. Concordo em gênero, número e grau.

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