Acabou a décima temporada de Curb your Enthusiasm. Como em todas as outras, Larry é vítima de seus próprios pecados. Cada um dos detalhes do seu comportamento e da sua falta de habilidade de viver em comunidade se tornam literais estopins da sua própria desgraça.
Tanto Curb como Seinfeld são peças morais, dignas de um Talmud Sombrio. O estranho é que, ao nos identificarmos tanto e nos tornarmos tão apegados aos personagens e seus hábitos autodestrutivos, ao invés de aprendermos suas lições, repetimos seus maus exemplos.
Assumimos simplesmente ser impossível escapar da desgraça iminente e portanto, como Alfred E. Newman, dizemos a nós mesmos: “What me worry?”. Tem coisa mais pós moderna e sisifica que isso?
Talvez por isso não exista boa comédia cristã. Nas parábolas há melodrama demais, os personagens são criaturas bidimensionais que não conseguem evitar de se levar a sério, e rola um Deus Ex Machina em cada história. Não é sobre nós. É uma fantasia de salvação.
Humor não é sobre salvação, mas sobre reflexão. E reflexão, como a comédia, só se constrói em cima do que é real. Todo resto é propaganda.
Oy vey! Oy gevalt!