Ensaios

O Rio de Janeiro pode voltar a ser uma cidade turística?

O novo secretário do turismo, empossado ontem, aposta que dessa vez que o Rio voltará a ser um destino turístico.

Tentando apagar as duas décadas de estigma, após a terrível pandemia dos CoVid-19/20/21 que matou 93% da população e transformou o Rio de Janeiro numa grande cova coletiva, o novo secretário do turismo, Benício Huck, empresário e filho do ex-presidente Luciano Huck, garante que a proclamada cidade da morte do século XXI voltará a ser conhecida como uma cidade maravilhosa, assim como no século XX.

– A pandemia já está controlada há 7 anos e aprendemos a lição. A população que permaneceu é bem consciente e nossas belezas naturais estão em plena recuperação- declara Benício.

Com apoio da iniciativa privada, nos últimos anos a prefeitura reformou o centro histórico e recuperou o Aterro do Flamengo, destruídos pelos incêndios gerados pela população para se desfazer dos corpos que se amontoavam pelas ruas. Nos próximos dois anos ainda estão previstas a recuperação da orla, onde ainda se descobrem ocasionalmente corpos infectados tanto no mar como na areia, e da Floresta da Tijuca, destruída a mando do ex-presidente Jair Bolsonaro por um bombardeio de Napalm como uma tentativa de incendiar a cidade inteira e impedir a propagação das mutações do CoVid aqui surgidas.

– Sim, a população da época foi criminosamente negligente e por quebrar as regras de isolamento social transformou a cidade num símbolo da peste, mas isso vai mudar- garante o secretário.

Organizações que representam os cariocas sobreviventes da pandemia não apoiam esse plano. Joana Carvana, presidente da Funera-RIO, reforça que o plano do secretário além de desrespeitoso pode repetir um erro:

– O secretário precisa recordar que seu próprio pai numa atitude de populismo midiático tentou um plano parecido e gerou uma nova onda de CoVid que colocou a cidade em lockdown por dois anos e matou 400 mil pessoas. Uma nova tentativa frustrada pode condenar o secretário ao mesmo destino do presidente que não ouso dizer o nome.

Joana Carvana se refere ao ex-presidente Jair Bolsonaro que, após ser condenado por genocídio pelo tribunal de Haia, se encontra escondido com seus familiares no território das guerrilhas milicianas que tomaram o centro-oeste brasileiro.

O secretário rebate as declarações de Joana e das demais organizações de cariocas sobreviventes:

– Esse alarmismo nos impede de recuperar a cidade. Uma vida com medo paralisante é pior que tomar riscos controlados.

O fato é que o forte cheiro de carniça ainda se mantém na cidade e é comum os moradores sobreviventes declararem ver os fantasmas de antigos cidadãos, tanto os mortos pela pandemia e como os assassinados pelo governo Bolsonaro.

– Os mortos não descansaram. Continuam por aí. Pela culpa de terem votado errado ou minimizado a pandemia- declara Walter Chaves, um famoso autodeclarado médium. – Os erros terrenos de duas décadas vão demorar centenas de anos para serem revertidos espiritualmente. Se apenas soubéssemos onde iríamos parar talvez o povo tivesse sido mais consciente. Infelizmente agora é tarde demais.

O plano do secretário dará resultado? Só o tempo dirá. Ou será que Walter Chaves tem razão e já é tarde demais?

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