Arquivo da categoria: Poesia

Não, Paquetá, não…

Paquetá? Não…

Paquetá não tem infraestrutura que permita alguém viver lá.

Paquetá não tem, pra você ver, meios para que, numa emergência, cheguemos ao continente com na urgência necessária.

Paquetá não tem nada.

Paquetá não tem sequer vida cultural.

Paquetá não tem cinema, não tem livrarias, casas de show, museus de fato, nem restaurantes decentes nos quais você possa ir jantar.

Paquetá não tem nada que temos por aqui. Se bem que nem tudo que tem aqui é bom.

Paquetá não é, enfim, aqui, o que, pensando bem, não é necessariamente ruim

Paquetá, não?

Paquetá não é mencionada, olha o absurdo, uma vez sequer no primeiro romance brasileiro, no qual, todos acreditam , é o cenário da paixão de Augusto e Moreninha.

Paquetá, não dá pra negar, é o inspirador e o cenário do primeiro romance expressivo do romantismo brasileiro. Mesmo sem explícita referência

Paquetá não tem turismo de verdade, ou algo similar, e vive de uma nostalgia que não pode mais simular.

Paquetá não tem mais charretes, nem pontos turísticos bem cuidados, que sustentem o clima imperial que fez a sua fama.

Paquetá não representa mais o passado grande que nunca teve, nem parece ter um futuro a ambicionar.

Paquetá: não!

Paquetá não é um lugar no qual as pessoas escolhem ir morar. É um lugar de exílio para os inimigos da República, de quarentena para as vítimas da tuberculose e lepra, e de fuga, ou regeneração, para os perseguidos da ditadura.

Paquetá não tem barulho, correria ou agitação.

Paquetá não tem pra onde correr, mas tem muito pra onde nadar. Isso quando suas praias estão próprias, o que não é lá muito comum.

Paquetá não lhe dá status, audiência ou atenção. Não serve para ambições nem planos de conquistas.

Paquetá não é uma ferramenta que sirva aqueles que só pensam no vil metal. Parece até ter parado no tempo, antes do capitalismo internacional.

Paquetá não é adaptada ao mundo moderno. Até os seus relógios estão parados ou nunca estão certos.

Paquetá não é desse mundo, nem é desse tempo. O que, confesso, pode até ser um alívio pra quem não tem mais esperanças na mal intencionada humanidade.

Paquetá…não?

Paquetá não é um lugar prático para quem trabalha como um escravo no continente.

Paquetá não é um destino feliz para quem quer se vangloriar

Paquetá não é seguro para os que querem trazer insegurança aos outros, ou vivem de estimular o mal estar dos que deveriam ser os seus próximos.

Paquetá não é adequada.

Paquetá não está aí para servir aos outros, mas só para que sirvam a ela.

Paquetá não…

Paquetá, não!

Paquetá não… sai do meu coração.

Paquetá não é daqui, dali, ou de acolá.

Paquetá não tem comparação.

Paquetá, não tente se comparar.

Paquetá não dá pra esquecer.

Paquetá, não esqueça de mim.

Paquetá não perde por me esperar.

Paquetá, não deixe de me esperar.

Paquetá, não canso de te cantar.

Não, Paquetá, não…

Fala, eu!

E aí?
Diz aí!
O que mudou nesse ano?

Resolvemos a questão do
inter
mi

vel
Inven

rio?
Conseguimos a grana que
esperávamos e
mudamos pra Pá
quetá?

Falando de grana…
a vida financeira está mais sê
gura e
nos deu a
paz de espírito necessária pra criar?
Estamos fazendo
com calma
a transição profissional que
queríamos?
Estamos in
vestindo
o nosso tempo
cada vez mais
nas coisas que amamos e menos
naquelas que costumam nos aborrecer?
Estamos cuidando da fá
mília
como ela merece
sem descuidar de
nós?

E você?
Está bem?

liz?
Cercado de pessoas que a
ma,
dos livros que gos
ta,
dos jogos que te
divertem, e
cheio de satisfa
ção com o que pró
fessa e
faz?

Ah, e,
não posso esquecer,
já parou com aquela mania chá
ta de falar
usando o plu
ral
magés
tico?
Isso,
sim, achamos de
matar…

Seja como for,
esteja como es
tivermos,
pode crer,
estou torcendo por
vo
cê.

Se melhoramos,
para
béns.
Se ainda não chegamos
lá,
calma,
já, já vai
me
lhorar.
Posso não ter fé,
mas tenho crença,
e con
fiança.
O que mais podia pe
dir?

Abraços de seu
maior fã,
eu