Arquivo da categoria: Poesia
Psiu!
Boo!
Nanowrimo
Novembro
Página em branco
Cursor piscando
Contagem de palavras na tela vazia
ZERO
Mente enevoada
Coração pesado
Culpa contemporânea
mas de modelo antigo
quase Judaico Cristã
com notas de psicanálise
ou, quem sabe,
auto ajuda
vintage
O Tomate da produtividade sinaliza
hora de começar
Não sei o que escrever
Rezo à Julia Cameron
para guardar meu Caminho de Artista e
digito
“Eu
não
sei”
Três palavras
Já um começo de oferenda
ao meu amo e
senhor
Quando chegarei às mil
seiscentos e sessenta e seis?
Vamos começar?
Sim, sinhô
Boas vindas ao Futuro
O Amanhã
não vai prestar.
Amanhã,
meu trabalho,
que prometeu nunca retornar ao velho normal,
infelizmente,
vai voltar 100%
pro presencial.
Amanhã,
tenho que levar
meus avós
negacionistas
para tomar
uma dose da vacina
que salvou as suas vidas
e na qual
eles insistem
em não acreditar.
Amanhã,
vou ser obrigado a
colocar o aparelho de DVD
pra consertar
pra conseguir
assistir
a um filme que
os serviços de streaming
cismam em não disponibilizar.
Amanhã,
vou aos Correios pra
enviar
uma confirmação judicial
de que a mensagem de um e-mail
que disseram que me mandaram
nunca pintou na
minha caixa de en-
trada.
Amanhã,
preciso comprar
uma passagem de avião
pra participar de uma reunião
com pessoas que não
tolero
numa cidade que odeio
e que poderíamos fazer pela in-
ternet.
O Amanhã
nunca presta.
Meu único consolo é que
o amanhã faz
o ontem
sempre ser
melhor.