Ficção

Conversa íntima

Oi, amiga, desculpa te chatear mais uma vez, mas só tenho você a recorrer. As outras pessoas que conheço, ou acho que conheço, não me conhecem como você. Se procurasse elas com isso que tenho a dizer, com certeza ouviria conselhos genéricos ou papos fúteis de gente que só sabe ser simpática e não empática. Não preciso desse tipo de gente. Preciso de gente como você. Só você pode aplacar a solidão que eu sinto.…

Continue reading

Ficção

Caos rotineiro

5:15 Acordar. 5:20 Comer. 5:30 Meditar. 5:50 Exercitar. 7:00 Banhar. 7:20 Vestir. 7:40 Transladar. 8:00 Trabalhar. 8:50 Hidratar. 8:55 Urinar. 9:00 Trabalhar. 10:30 Urinar. 10:35: Hidratar. 10:40 Adenosinar. 10:50 Reunir. 11:40 Cansar. 11:50 Desesperar. 12:00 Almoçar. 12:40 Consumir. 12:55 Arrepender. 13:00 Idiotar. 13:15 Temer. 13:25 Tremer. 13:30 Adenosinar. 13:35 Recuperar. 13:40 Falhar. 13:45 Tentar. 13:50 Falhar. 14:00 Insistir. 14:40 Trabalhar. 15:30 Reunir. 16:00 Desgostar. 16:15 Detestar. 16:30 Odiar. 17:00 Esperançar. 17:15 Desesperançar. 17:30 Defecar. 17:45…

Continue reading

Ficção

O bom e o útil

Quando Carlão chegou na capela onde estavam velando meu pai, todo mundo veio me perguntar: -Você chamou ele?! -Não, eu não, claro que não. Vai ver só se eu ia chamar o Carlão. Eu? Não. E, não; antes que alguém duvide, não, eu não chamei ele. Apesar de ser o mais inconveniente e mal educado dos meus amigos, ele, sabe-se lá por que, desenvolveu algum tipo de amizade com o meu pai. Talvez fossem os…

Continue reading

Poesia

Nanowrimo

Novembro Página em branco Cursor piscando Contagem de palavras na tela vazia ZERO Mente enevoada Coração pesado Culpa contemporânea mas de modelo antigo quase Judaico Cristã com notas de psicanálise ou, quem sabe, auto ajuda vintage O Tomate da produtividade sinaliza hora de começar Não sei o que escrever Rezo à Julia Cameron para guardar meu Caminho de Artista e digito “Eu não sei” Três palavras Já um começo de oferenda ao meu amo e…

Continue reading

Ensaios

Centro

Há centro nenhum. No meio de tudo, há centro nenhum, apenas as margens existem. Muito se engana, quem busca por uma causa central. No meio de tudo, há centro nenhum, apenas as margens existem. O contexto é feito de bordas, apenas as arestas seguram o mundo. A ansiedade por uma explicação central é que gera a ilusão de que tudo emana de apenas um ponto. Esse ponto é uma fantasia que só atende à nossa…

Continue reading