Quando éramos jovens, a nossa discussão principal era o que jogar. Tínhamos os defensores ferrenhos desse ou daquele jogo, que nunca faziam exceções; aqueles que transitavam sem pudor por uma pletora de sistemas; e os jogadores ocasionais que abraçavam sem paixão ou preconceito a onda atual dos amigos.
Abençoados pelas poucas responsabilidades e por uma agenda livre e ansiosa por ser preenchida, podíamos nos dar ao luxo de escolher (ou deixar de escolher) qual seria a natureza da nossa brincadeira narrativa.
O tempo passou, diminuiu, ou, em muitos casos, até sumiu, e as nossas possibilidades de jogar RPG foram minguando, beirando a extinção. Oprimidos pelo cansaço laboral do capitalismo tardio, pelas demandas familiares e sociais, e pela complexa existência no século XXI, parece que o simples ato de interpretar um herói numa sessão de RPG se tornou um ato de heroísmo em si.
Novamente chega dezembro, e, na minha lista de resoluções para o ano vindouro, como, acredito, na de muitos de vocês, uma coisa nunca deixa de marcar seu lugar: jogar mais, ou, simplesmente, jogar RPG.
Esse ano, enquanto fazia novamente essa reflexão, comecei a me questionar se não estamos dando murro em ponta de faca ao tentar reproduzir um comportamento que depende de condições que só tínhamos na nossa juventude. Por exemplo:
- Os sistemas e cenários de jogo que escolhemos geram expectativas factíveis de serem cumpridas por pessoas como nós ou estamos arriscando a nos frustrar por nos envolver com longos avanços de nível, processos complexos de criação de personagens, ou arcos exaustivamente longos?
- Os horários, as durações das sessões, e os locais escolhidos para jogar RPG são adequados na composição das nossas agendas com outras atividades?
- Compromissos com amigos queridos, cheios de vontade, mas sem disponibilidade de agenda, não estão nos dificultando a jogar com regularidade?
Então, diferente do que fiz em outros anos, vou deixar de lado as minhas estratégias da juventude e, em vez de perguntar a vocês sobre sistemas e cenários preferidos, gostaria de, se me perdoarem a intromissão, buscar um pouco mais de detalhes sobre as suas disponibilidades (de tempo e deslocamento) de participação (presencial ou virtual), com foco nos seus impeditivos de agenda e reais condições de energia (física e mental), para rolar dados esquisitos (ou regulares) em atividades de contar histórias heroicas (sejam elas com masmorras, dragões ou outras coisas fantásticas ou quase realistas).
Assim, se você, como eu, em 2026, quer jogar mais RPG, me responda nessa, eu prometo, curta e rápida pesquisa, quais são as suas condições de contorno para compartilharmos uma mesma mesa como mestres ou jogadores.
Segue o link: https://forms.gle/9BDcDMhVzzfPcQ66A
Fique à vontade para compartilhar essa mensagem com outros amigos rpgistas que estejam passando por esse mesmo dilema.
Espero que compartilhemos muitas aventuras fantásticas em 2026 e lhes desejo um ano novo incrível!
