Ensaios

Por que não voto em Aécio…

Não votarei em Aécio, nem em Dilma. Estou fora do meu domicílio eleitoral. Mas, apesar de admirar o plano real como a maior e melhor aplicação do condicionamento clássico de Pavlov já perpetrado numa população, confesso que tenho um certo problema com o PSDB. Talvez não com o PSDB, mas especialmente com quem o apoia. Atualmente.

O PSDB clássico, pra quem não lembra, surgiu quando o PMDB foi invadido pelos exilados do PDS. O povo do PDS sentiu que não dava mais pra ditadura e capitaneados por Sarney, Maciel e afins foram pro PMDB que precisava de uma força dos coronéis pra sustentar o governo civil. O PMDB virou o que virou e a ala do PMDB tradicional formou o PSDB. A princípio era pra ser um partido pragmático, voltado pra política como ciência. Claro que isso escondia a ideologia tecnocrata que foi necessária para arrumar a economia nos anos 90 e, ninguém pode negar, fez o seu trabalho.

Não sei quando, mas provavelmente quando o Millôr abandonou as páginas da Veja ou quando o Paulo Francis morreu, um grupo muito doido começou a se alinhar com o PSDB. Alinhar é maneira de dizer; começou a se apropriar dos sucessos e posturas da política ecônomica para introduzir a reboque uma agenda conservadora pacas. Logo no PSDB, partido do FHC, o Eduardo Jorge Sorbonne Roots. Aí começou a aparecer um cara do Opus Dei aqui, um Reinaldo Azevedo dalí e, algumas edições da Veja depois, o PSDB ganhou a imagem que tem hoje.

Os originais do PSDB não entraram nessa discussão. Se você for prestar bem atenção no discurso do partido, ele é um discurso puramente econômico. O resto, pra esse grupão de economistas da PUC, é o resto. Além disso, nesse mundo de cada pessoa, um voto; qualquer apoio é bem vindo. Contudo essa omissão ideológica me parece deveras perigosa. Especialmente pois esse grupo de leitores da Veja é antiintelectualista; se acha parte de uma nobreza corporativa mas, cá entre nós, não aguentaria 2 rounds da meritocracia de mercado capitalista que dizem defender; e tem uma agenda retrógrada a beça no que se refere a direitos sociais.

Por mais que me alinhe com uma política econômica mais liberal, não posso votar num pessoal que deixa qualquer um entrar na sua festa. Sabe como é? Fui criado num colégio beneditino e já dizia o sábio, e malandro, São Bento: dize-me com quem andas que te direi quem és. Eu? Eu não sou um deles nem um desses. Graças a Deus.

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