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Você troca a sua existência pelo bem de toda uma nação?

Lucas,

O lance não é bem contigo, mas, você há de convir, a culpa é toda sua. Quer dizer, não é sua, você é, na verdade, o resultado do evento que originou essa culpa. E a culpa desse evento, pode crer, é toda do seu pai e da sua mãe.

Sim, não adianta discutir, é. Quer dizer, é mais do seu pai, né? Ele sabia quem sua mãe era e podia ter previsto o que ia rolar. E, na boa, não tem desculpa de estar doidão. Até o chapa do teu pai, o Keith, por mais doidão que tivesse ia usar uma camisinha. Seu pai no mínimo foi negligente e taí o resultado: mais de 200 mil mortos e um país proscrito que vai ser o único onde não vai rolar vacina.

Depois de 9 meses, você vê o resultado

Não, não tô exagerando. Vê só: se sua mãe não tivesse engravidado, ela não teria sido alçada a essa condição de subcelebridade que lhe permitiu pegar o lugar da Adriana Galisteu no SuperPop. Sem ela no programa, o imbecil do Bozo não seria chamado pra dar opinião toda vez que um ex-BBB saísse do armário. Sem essa plataforma, os fascistas antigamente enrustidos não teriam se animado nem achado que tinham o direito de exercer e expressar todo o seu racismo e sua intolerância. Sem essa carta branca para serem imbecis, esse 1/3 reacionário do Brasil teria ficado quietinho e, tendo impeachment ou não, no máximo a gente teria acabado com um Amoêdo ou um Alckim, o que poderia parecer ruim na época, mas hoje parece ótimo.

O fato, Lucas, é que, se você não existisse, o país seria melhor. A ingenuidade vaidosa da tua mãe criou um palanque pra um genocida, e deu voz ao que havia de pior no país. Sei que agora é tarde, e, tá bom, a culpa não é bem tua, mas vamos fantasiar. Imagina que tipo no foguete do Domingo no Parque, um programa infantil antes da tua época, te perguntassem: você troca a sua existência pelo bem estar do Brasil?  Você aceitaria que apagassem a sua existência da história pra salvar centenas de milhares de pessoas? Você gritaria “SIM” bem alto, que nem as crianças faziam no programa?

Grita “SIM”, Lucas.

Deixa pra lá, esquece o que eu disse, a culpa não é sua. Não precisa responder, mas, desculpa, eu tô pensando pacas nisso por aqui. Pensando pacas nisso, mesmo.

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