Ficção

A luz

Remamos. Remávamos.

Não esperávamos mais nada quando, com os braços já cansados de tanto remar no escuro, sem saber exatamente se todo o nosso esforço verdadeiramente levava o barco, se não ao nosso destino, a alguma costa, ela brilhou.

No meio da noite sem estrelas, uma luz, enorme, mas discreta, resoluta, mas fugidia, nos fez lembrar que íamos para algum lugar, que havia alguém a nos esperar, e que algo desejava que chegássemos lá.

A luz, piscando, aparecia, e desaparecia, mas tinha um lugarzinho constante no meio da nossa escuridão.

-É um farol?
-Não! É uma estrela.
-Ou, quem sabe, é uma embarcação que veio nos resgatar…

Não tínhamos certeza de nada, mas tínhamos um rumo. Mesmo desejando coisas diferentes, todos nós queríamos chegar juntos ao mesmo lugar. Nas costas desse novo universo haveria possibilidades para que todos os sonhos se realizassem. Nas costas desse novo universo os nossos braços e mentes cansadas seriam recompensadas por todas essas diferentes esperanças que, esperávamos, não fossem vãs.

Remávamos. Remamos.

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