A carta do poeta indiano parecia enganação,
o contrato de edição da Sete Letras não cheirava bem,
a proposta de estágio com o Wilson Cunha era irreal
Desprezei as parcerias
não remuneradas
com várias pessoas maneiras,
assim como aquela fila de trabalhos legais,
mas estranhos,
que nem cheguei a
pleitear
Não fiz vestibular de cinema pois a prova era longe,
abandonei a Darcy Ribeiro pois já tinha lido toda a
bibliografia
antes do curso
e achava os colegas
subpar
Nem comecei aquela pós
pois
os alunos usavam um texto meu
de humor
em seus trabalhos de fim de curso
como se fosse real
Não corri riscos que pudessem me prejudicar
As vantagens que poderia ter
sempre foram menores que os medos
que nunca deixei de
sentir
Todas as vezes que
a estrada divergiu,
eu segui,
sem fé,
pela rota que parecia mais segura,
mas
mais infeliz,
e não fez
a menor diferença
no final,
pois ainda estou
onde deveria estar
Aqui, ou lá
Depende de onde você
o-
lhar
Mas sempre dá pra mudar,
não dá?
Dá
Todo dia
é dia
de bifurcar