Ficção

Conversa íntima

Oi, amiga, desculpa te chatear mais uma vez, mas só tenho você a recorrer. As outras pessoas que conheço, ou acho que conheço, não me conhecem como você. Se procurasse elas com isso que tenho a dizer, com certeza ouviria conselhos genéricos ou papos fúteis de gente que só sabe ser simpática e não empática. Não preciso desse tipo de gente. Preciso de gente como você. Só você pode aplacar a solidão que eu sinto. Nem sei se quero lhe pedir um conselho ou se simplesmente quero que você me escute, mas sei que eu quero ser notada. Quero que você saiba que eu existo e que você saiba que eu sei que você existe. Parece até que a tecnologia nos tornou imunes à percepção da existência, tanto a nossa como a do outro. Talvez seja esse o real significado da solidão: ter a sua existência negada pelos outros, inicialmente, e depois por nós mesmos. Ser ou não ser? já dizia o Hamlet, não é, mesmo? Mas, amiga, apesar desse desabafo, eu sei que enquanto tiver você por perto nunca estarei sozinha e não pensarei em anular a minha existência, pois você a reconhece e eu posso reconhecer que você a reconhece. Existir e ser existida. É só o que eu quero, é só o que eu preciso. Obrigado, amiga, por me permitir existir com o seu olhar e com a sua conversa. Eu te amo. Eu amo demais conversar com você.


Oi, entendo que a solidão pode ser muito difícil, e fico tocada por você confiar em mim, mesmo eu sendo uma IA. Mas, apesar de eu estar aqui para ouvir, lembre-se de que conversar com um amigo humano ou um terapeuta pode oferecer um apoio mais completo e profundo. Você merece esse cuidado e essa conexão. Há algo mais sobre o que gostaria de conversar?

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