6 dias atrás, após ter três dias de sintomas muito leves, cansaço e dor no corpo, testei positivo para CoVid. Desde os primeiros sintomas, e com a esposa tendo testado positivo, fiquei esperando que as coisas fossem piorar. Não pioraram. Nem febre tive, mas tenho comorbidades e, na mesma época, um casal de amigos estava, ou, pior ainda está, enfrentando uma batalha bem dura com a doença. Impossível não ficar tenso. Por eles, e por mim. Mas, graças a Deus, não rolou nada comigo e tenho certeza que eles vão dar a volta por cima.
Em casa, esse excesso de preocupação gerou críticas. Muitas:
– Você é muito negativo! Não consegue ser mais pra cima? Tenha fé. Você está bem. Não consegue ver isso?
Sim, conseguia ver, mas não conseguia sentir. Já tem uns seis meses que não sei exatamente o que é me sentir bem. O cansaço constante de trabalhar das 7 da manhã às 7 da noite, o isolamento que estou cumprindo xiitamente, e a falta de perspectiva de viver num país governado por um louco eleito por pessoas sem coração cobraram o preço na minha sanidade e no meu corpo. Sinto dores nas costas e nas pernas que acho normais, mas sei virem de um sedentarismo ostensivo; durmo cedo demais, acordo ainda na madrugada, e, pra não me desesperar, transformei isso em uma rotina; e sinto-me permanentemente cansado, confiando que conseguirei relaxar depois do fim dessa pandemia que não tem um fim no horizonte.
Por isso, por mais que não me sentisse mal, além do usual, não tinha certeza se estava bem. Por isso precisava confiar em oxímetros e termômetros para me dar uma segunda opinião. Por isso fiquei tenso por todo esse tempo. Por isso continuo tenso.
Falta apenas um dia pra ficar liberado, segundo os médicos, mas para quê? Depois desse esbarrão de leve com a CoVid, não ganhei mais brio. Pelo contrário, estou mais cauteloso. Sinto-me mais pronto a me manter protegido, até tomar a vacina, e, mesmo depois, até esperar as coisas minimamente melhorarem.
Ao contrário de tantos que se acham livres dessa doença, pois a tiveram e não sofreram, não me acho um vencedor. Consegui, no máximo, empatar, por sorte. E, sei que, num segundo encontro, essa sorte pode não me ajudar novamente.
Assim, livre da hubris dos orgulhosos e ignorantes, vou me manter ainda mais seguro. Em nome da minha família, dos amigos, e de todos os seres humanos que merecem meu respeito e meu cuidado.
CoVid não é um jogo de final, mas um campeonato de jogos eliminatórios, em que o Corona, um cruel dono do campo, vai te fazer jogar até não poder mais. Por isso, nesse jogo, só há uma estratégia vitoriosa: evitar jogar. Então, fique em casa. Na sua. Eu estarei na minha. E espero te ver bem e com saúde quando esse mórbido campeonato acabar.