Impossível não lembrar de James Bond. Impossível não lembrar que é uma franquia que se transforma com as décadas e cenários geopolíticos. Impossível não lembrar o quanto ele marcou seus criadores e intérpretes. Impossível não lembrar que agora ele está nas mãos da Amazon, quase como um refém. Impossível não lembrar dos seus spin-offs, cópias e musos inspiradores. Impossível não lembrar que tudo não passava de uma grande alucinação de um velho espião aposentado, buscando relembrar seus fantasiosos tempos de juventude. Impossível não lembrar que ele, o autor, e ele, o personagem, se confundiam e se confundem. Impossível não lembrar o impacto que ambos tiveram nos costumes, na moda, na política, na revolução sexual, e até na contracultura. Impossível não lembrar. Mas não é impossível esquecer.
Por isso, Reflet dans un diamant mort, novo filme de Hélène Cattet & Bruno Forzani, nos lembra de tudo isso, numa meditação psicodélica, onde refletimos sobre a velhice, a cultura, a espionagem, a ganância, o cinema, e até os quadrinhos. E lembramos de tudo isso como num sonho, que é meu e seu. Um sonho coletivo de um personagem que se confunde conosco, com seus criadores e recriadores.
Por isso, não esqueça de ir ao cinema para lembrar. Mas, cuidado. Não olhe por tempo demais tentando entender ou descobrir o que há por dentro ou por trás, ou a força laser do seu olhar irá destruir o que anseia admirar.
Fin. 😉