Não adianta fazer muito rodeio. O lance é que eu gosto bastante dos seriadinhos da DC. São honestos, não se pretendem mais do que conseguem entregar, e ao mesmo tempo conseguem ir além do que você espera. É como ler quadrinhos quando você tem 12 anos. Tudo é ao mesmo tempo vulgar e fantástico; amador e genial.
O engraçado é que quase não consigo mais ler os quadrinhos de super heróis de hoje. A continuidade estendida, o excesso de reboots, linhas do tempo e plotlines tornou a tarefa enfadonha e trabalhosa. Pra piorar, os autores parecem que se sentem da mesma forma e transformaram todas as histórias em peças irônicas e autorreferenciais, que discutem as falhas do gênero como uma maneira de pedir desculpas pela falta de imaginação.
Os seriadinhos, por outro lado, abraçam sem pudor o material e o sentimento de onde surgiram. São peças não de homenagem intelectual, mas de quase, como disse Mamet sobre o Teatro, “(…)uma comunhão entre o público e Deus, moderada por uma peça ou liturgia criada pelo dramaturgo.”. Uma espécie de “celebração do mistério”.
Tá, sei que estou exagerando, e, além disso, confesso que não assisti muito. Vi umas duas temporadas de Flash, uns episódios esparsos de Supergirl e Legends of Tomorrow, e agora estou curtindo uma paixonite com Doom Patrol. Mas tudo é tão sincero, simples, infantil e, ao mesmo tempo, adulto, que não consigo deixar de expressar a minha admiração.
Vendo Doom Patrol, tenho quase a mesma sensação que tive quando comecei a ler os quadrinhos da pré-Vertigo; Animal Man, Sandman, Orquídea Negra, Monstro do Pântano, Hellblazer… Cara, teve seriado de uns deles já, não?
Melhor não tentar racionalizar. Vamos só curtir esse sentimento e não nos deixar contaminar pela idade adulta ou pelos ratings e discussões da internet. Mas não custa perguntar: alguém pode me dizer se Monstro do Pântano e Constantine são legais também? Um “amigo” quer saber…