Ficção

Os fantasmas das resoluções de ano novo

2 de janeiro. Ele ainda estava curtindo a ressaca do Réveillon quando recebeu as visitas dos fantasmas das resoluções do ano novo.

Primeiro foi o seu eu magro. Esbelto, forte e atraente, ele pediu pelo amor de Deus que ele não se exercitasse, nem fizesse dieta.

– Nós viraremos um ímã de mulheres, o que deixará a nossa mulher patologicamente ciumenta e acabará com a nossa paz familiar.

Depois foi o seu eu rico. Bem-vestido, opulento, mas cansado, ele rogou:

– Não nos meta a mostrar serviço demais esse ano. Vamos acabar sendo promovidos em série e terminaremos acumulando os trabalhos do nosso chefe e do chefe do nosso chefe, além do que já estava na nossa conta. Pra piorar, a nossa família vai se acostumar com o luxo e não vamos conseguir mais descansar.

Para finalizar, seu eu famoso apareceu. Também trazendo um alerta:

– Vamos deixar esse lance de reconhecimento e fama de lado. Só vamos atrair gente mal-intencionada e oportunista, e nos tornaremos alvo da inveja alheia.

Assustado, ele decidiu que só teria uma resolução esse ano: não ter resoluções. Essa, finalmente, ele conseguiu cumprir.

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