Ensaios

Por que não voto em Dilma…

Não votarei em Dilma, nem em Aécio. Estou fora do meu domicílio eleitoral. Mas me divirto quando leio as justificativas de voto das pseudo-celebridades da cultura brasileira. Personalidades as chamam, como se nós, pobres mortais, não as tivéssemos. A ingenuidade das declarações de ambos os lados realmente é tocante e mostra como estamos carentes de intelectuais de fato.

A última que li foi especialmente interessante pois convivi por quase um ano com um dos depoentes. Lembro de uma vez em que estávamos andando na Nossa Senhora de Copabana quando ele me parou muito preocupado:

– Tem um real?
– Tenho- respondi.

Tirei o real (em nota, já faz tempo isso) do bolso, lhe entreguei e num piscar de olhos o vi repassá-lo a um mendigo que passava e, pasmem, não tinha pedido nada. O mendigo ficou feliz. O depoente sorria como se tivesse salvo uma vida. Só eu não estava satisfeito. Na hora, pensei em questionar por que ele estava fazendo caridade com o meu dinheiro, mas, pelo bem das relações que tinha com ele e demais envolvidos, deixei pra lá. Acreditei que ele iria me pagar no futuro. Ledo engano. Nunca me pagou. Assim como a mãe dele fez uma incrível dívida com meu telefone e nem fez menção de pagar. A caridade (com o dinheiro alheio e em benefício próprio) era, depois fiquei sabendo, marca de família.

Descobri na reportagem que ele votará em Dilma. Taí, além da distância geográfica, tenho mais uma razão pra não votar nela. Pode crer, eles devem ter o mesmo estilo de fazer caridade. Disso já estou cheio. E sem dinheiro pra pagar.

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