O Editor Invisível

[oei#15] A comoditização do livro feito para não ser lido e do consumidor não leitor

Chegou Novembro e com ele a sua infame e interminável Black Friday. Seduzidos pelas aparentemente vantajosas ofertas, os compradores de livro enchem as sacolas de livros (físicos e virtuais) que esperam (virtualmente) ter tempo (virtual?) de ler. Enquanto eu fazia o mesmo, me lembrei de uma série de LPs dos quais a gente costumava fazer troça quando adolescente: os LPs com músicas para ouvir. Na época, ignorando o que vinha escrito depois do “ouvir”, toda…

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O Editor Invisível

[oei#14] A leitura sem retorno do preparador de textos

Talvez nenhuma imagem represente melhor o trabalho editorial que a atividade, de preferência analógica, de preparação de textos. Uma imagem em preto e branco de uma pessoa com os punhos das camisas enrolados até os cotovelos, à sua frente pilhas de papéis rabiscados espalhadas sobre uma mesa, no seu rosto um olhar concentrado e um tanto quanto enlouquecido que prenuncia o nascimento de ideia que irá reformular o mundo. Um texto antes de se tornar…

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O Editor Invisível

[oei#13] Super Cortez contra o baixo astral do monopólio amazônico

Semana passada, a discussão que mobilizou os book tubers foi a aprovação da lei Cortez na Comissão de Educação do Senado. Por incrível que pareça, apesar de todos eles começarem seus discursos alertando o público para não acreditarem nos falsos “paladinos” que estão se propondo a salvar as livrarias pequenas contra o monopólio da Amazon, só ouvi comentários contrários à lei. Onde estão os tais defensores da lei de quem eles tanto falam? Aparentemente não…

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O Editor Invisível

[oei#12] A obviedade de se colocar uma letra após a outra

“Escrevemos uma palavra após a outra até terminarmos” – Neil Gaiman O pré-requisito, para se seguir a dica aparentemente óbvia de Neil Gaiman, é colocar uma letra depois da outra para se construir as palavras que virarão arte. E se estamos falando de texto, ele precisa estar representado graficamente. Essa representação visual das palavras e das letras que as compõem depende de algo que é ao mesmo essencial e (quase) invisível no texto, seja ele…

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O Editor Invisível

[oei#11] A prejudicial mítica do livro à experiência do leitor

Como há a reunião que poderia ser um e-mail, há o livro que poderia ser um post num blog. E isso não é de forma alguma um julgamento (negativo) de valor. É apenas a constatação que certos conteúdos, temas, e estruturas seriam melhor trabalhados e teriam maior impacto, cognitivo, estético ou emocional, em formatos diferentes. Porém não podemos escapar do fato que o formato do livro carrega um valor simbólico de status. Afinal quem escreve…

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O Editor Invisível

[oei#10] Um elogio à rabugice dos livreiros ficcionais e reais

Não sei se é de propósito, mas, em todas as obras cujo cenário principal é uma livraria ou um comércio de produtos culturais, as protagonistas invariavelmente são pessoas intratáveis e “fracassadas”. Não estou exagerando. Desde os moderninhos de Alta Fidelidade e Black Books, passando pelos inofensivos livreiros de Notting Hill e Mensagem para você, até o soporífero A. J. Fikry do livro e do filme de mesmo nome, todos são pessoas com vidas interiores razoavelmente…

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