Chegamos.
Os gatos fingem ignorar a nossa presença, mas, assim que podem, deitam sobre as malas dizendo: “Daqui vocês não saem mais”.
Agora, dou razão a eles. Foi um risco sair, mas tomamos todos os cuidados. Máscaras; álcool gel (ou em gel), nunca vou saber qual é o certo; distanciamento social; medidas sanitárias; café da manhã com horário marcado; the works. A prevenção foi total, ou quase, mas o medo sempre permanece. Principalmente quando esbarramos, figurativamente, graças a Deus, com tanta gente que claramente não está tendo o mesmo cuidado. E como tem gente assim.
Mas, considerando todos os riscos, foi preciso sair. Pelo menos um pouco. Pegar sol; ver a minha mãe; ver as estrelas; comer um Cervantes Especial; pisar da areia, na terra, na grama, nas pedras, no chão; entrar no mar. Ah, mar; oh, mar. Lembrar que, apesar dos pesares, ainda existe um mundo lá fora do qual podemos sentir saudades. E para o qual queremos voltar, assim que isso tudo passar. E vai passar. Vai? Claro que vai. Espero.
Sim, gatos, estamos de volta. De volta pra encarar mais 4 meses de quarentena; ou mais quantos forem necessários até isso tudo passar. Revigorados, sim, esperançosos, sim, mas saudosos de um tempo que, sabemos, não voltará mais.
Desacostumados com o nosso lar, usamos o resto do domingo pra desopilar, relaxar, nos reacostumar, aterrisar; e, enfim, com a nave no chão, vamos dormir.
Desperto de sonhos “in”, tranquilos, e não virei uma barata, mas a gata dorme sobre as minhas pernas, dizendo: “Dessa cama você não sai”. Pelo menos até ela ter fome.
Eu deixo. Também tive saudades.
É bom ir, mas é melhor voltar. Tamos aí, até algo mudar.