Ficção

Acima das nuvens

Quando Luna o expulsou do quarto, no meio da noite, seu primeiro pensamento foi ir embora, ir embora de Copacabana.

Ele subiu ao terraço do hotel e acionou o aplicativo para chamar um dos táxi voadores que cortavam os céus da cidade.

Apesar da chuva torrencial, para a sua sorte, os táxi voadores ainda estavam em atividade. E, mesmo sendo tarde da noite, os preços indicados pelo aplicativo estavam, senão baratos, justos. Na verdade, qualquer preço seria barato para ir para longe dalí, para ir para longe de Luna.

Mais rápido do que esperava, o carro voador varou a parede de nuvens e, trazendo uma penca de gotas e umidade, estacionou suavemente bem na sua frente.

O piloto abriu a porta e o convidou a entrar. Ele, com o rosto molhado de chuvas e lágrimas, entrou no táxi, sem cumprimentar o aviador. Sentou-se no banco de trás, amuado, e contou os segundos até o carro decolar.

– A noite está linda- o aviador puxou conversa.
– Onde? Onde está essa beleza toda? – ele respondeu reativo.
– Acima das nuvens. Acima das nuvens dá até pra ver a Lua.
– Cansei da Lua. Cansei do Luar.
– Então, o senhor prefere ir pelo meio das nuvens?
– Pode ir. Não é essa turbulência que vai me derrubar.

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