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Como não domar um gato

Mugshot do Criminoso

Hoje, mais de um ano e meio desde que chegou a essa casa, ele finalmente se mostrou domado. Ao contrário da mãe que, apesar de arranhões e mordidas ocasionais, rapidamente encontrou onde se aninhar nos nossos corpos, o filhote resistiu bravamente.

Ele fez de tudo para mostrar a sua insatisfação. Comia plantas; virava o lixo; cagava e mijava na pia; dormia no varal; e aparecia misteriosamente com uma série de pequenos e grandes ferimentos que nos faziam intuir que ele tentava repetidamente fugir da casa. Mas hoje, não. Hoje ele se mostrou diferente.

Ainda sem jeito, aprendendo a manifestar seu afeto, ele caminhou na nossa direção, se esfregou nas nossas pernas e se aninhou colado nas nossas costas. Levantou e subiu em cima de nós sem medo, afofou nossas barrigas e ofereceu as próprias costas para um carinho, o qual recebeu desajeitadamente. Até parecia igual mas ele estava diferente. Amoroso e confiante de não iríamos lhe fazer mal, muito pelo contrário, iríamos lhe dar carinho. Por isso ele estava finalmente relaxado, assim como nós.

Quando ia me congratular por ter finalmente dobrado esse felino safado, me caiu a ficha que a doma não é um movimento numa só direção. Não domamos os outros, não os tornamos dóceis pois eles são errados. Nós conseguimos domar o outro pois também somos domados.

Aprendemos a gerar a confiança no outro de maneira que haja tranquilidade e previsibilidade na relação. Encontramos a linguagem comum de amor e respeito que não irá gerar subjugação mas, sim, parceria. Como nos ensinou Shakespeare, A Megera não precisava ser domada, Catarina só precisava ser amada.

Hoje, não, ele não foi domado, mas, sim, demos um novo passo nessa parceria, E assim como donos e propriedades uns dos outros, nos permitimos curtir esse momento de confiança e…

——CRAAASH—–

Ai, ai. Parece que falei cedo demais. ASTRO! Que diabos você fez AGORA?!!!

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