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Do the Right Thing

Tem umas semanas que Do the Right Thing estava se insinuando em minha vida. Entre um jornal catastrófico e uma maratona de reprises de séries do Gloob (sim eu ainda assisto TV síncrona), eu pegava um pedaço dele. Ou quase. Sempre assistia uns dois minutos e desistia; seja porque estava no meio, no final ou porque não ia conseguir assisti-lo inteiro, graças a necessidade de deixar uma criança de 6 anos entretida depois de um longo dia de home office. E, em cada uma dessas vezes, eu prometia: tá aí um filme que eu preciso rever.

Ontem calhou, e eu assisti. Depois de um longo dia de home office que começou às 4 da matina, eu consegui rever essa obra prima. Pra variar, foi como ver um filme novo.

Eu lembrava de muitas coisas, mas não tinha atentado pra como a estrutura do filme é delicada. Em volta da história principal, onde temos poucos personagens envolvidos de fato, todos os pequenos acontecimentos que levam a escalada da tensão racial em Bed Stuy são vividos como sketches guiados por coros. O coro dos porto riquenhos, o coro dos coreanos, o coro dos afro-americanos de meia idade, o coro dos jovens afro-americanos, o coro dos policiais, e, o maior coro de todos, Mister Señor Love Daddy.

Esses coros, com pequenas diferenças entre seus participantes, mas com claros conflitos uns com os outros, vivem seus pequenos dramas para depois agirem como uma manada no apoteótico final do filme.

Os personagens principais e seus dramas humanos acabam escondidos como jóias raras nesse caldeirão de conflito racial. Ao mesmo tempo preciosos, frente à explosão final de violência parecem menores mas essenciais.  Quase não atentamos, por exemplo, para as singelas tentativas de romance entre o Da Mayor e Mother Sister, e Sal e Jade, que pontuam as poucas tentativas de união frente à tragedia anunciada. O pessoal, ao mesmo tempo que se apequena frente ao drama social, é o que dá sentido a tudo que não conseguimos entender.

O filme terminou e fiquei com aquela bela sensação de redescobrir algo e ainda me surpreender. Uma das melhores sensações que se pode ter na vida.

Como estou fazendo desde o começo do ano, fui registrar o que tenho assistido e descobri que o score do filme no IMDB não chega a 8. Com tanta coisa ganhando 9 e tanto nesses filmes de Super Herói e séries da suposta nova “era de ouro” da TV, a gente precisava fazer A Coisa Certa e dar mais valor ao que realmente importa no Audiovisual.

“Fight the Power!”

Em Tempo

Na boa, onde vemos algo tão poderoso hoje em dia? Ainda me lembro do choque de ver isso no cinema pela primeira vez.

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