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Eu queria gostar de café

Nunca tomei café. Quer dizer, nunca tive o hábito de tomar café. Se fosse por criação ou pressão social provavelmente eu beberia café. Muito. Mas nunca bebi.

Mesmo quando criança e tomar café com leite era um pequeno sinal de maturidade, eu preferia Toddy. Talvez isso esteja dentro de um sistema interno voltado a manter a minha criança viva dentro de mim. Nunca quis aprender a dirigir, não acredito em ambição, ainda comungo de alguns ideais anarquistas e não gosto de beber café. Sou uma criança funcional.

Mas, confesso, tenho inveja. Pela manhã ou nos intervalos do trabalho vejo as pessoas se juntando para tomar café. Copos; baldes; acompanhados de conversas mundanas justificadas pela necessidade de ingerir um estimulante. Eu, se aparecer para conversar tomando água, estarei apenas matando tempo. O Café é a droga perfeita para o Capitalismo e para a Moral Protestante do Trabalho. De dia. De noite é a Cocaina com seus delírios de grandeza e paranoias infundadas.

Talvez, quando voltarmos do Distanciamento Social, o café não faça mais sentido. Talvez precisemos de uma droga menos estimulante ou até calmante para um mundo diferente. E as pessoas lembrarão do café como os presidentes americanos lembram de ter usado drogas na Universidade, ou foram adictos que não podem mais nem chegar perto ou não tragaram.

Mas eu continuarei com uma pontinha de inveja de não ter feito parte desse mundo. Melhor não me preocupar. Agora já é tarde demais e o momento errado pra tentar adquirir um hábito negativo mesmo que socialmente aceito. Melhor fazer um Toddy.

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