Tarde demais. Pro inconsciente não existe negação. Quando você não quer pensar em algo, pronto!, já pensou. Um, dois, uma manada de elefantes. Melhor pensar em outra coisa, mas no quê? Elefantes? Ai, meu Deus! Aí é autossabotagem demais. Melhor tentar não “não pensar”, mas me afastar lentamente do tema. Isso, assim, vou tentar gastar todas as minhas lembranças de elefantes pra não conseguir mais pensar em nenhum deles. Como se estivesse remando de uma margem de um rio à outra. Devagar. Só esperando não encontrar nada no caminho. Encontrei. O quê? Preciso dizer? Você sabe… Mas, relaxa, é um processo. Vamos devagar. Lembra do primeiro? É, do primeiro elefante. Será o Dumbo? Provavelmente. Se você não vive na África, esse deve ser o primeiro elefante que todo mundo lembra. Ou seria na Ásia? Segundo esse artigo na wikipedia tem nos dois continentes. Que doido. E ainda teve o Aníbal que atravessou os Alpes com elefantes de guerra. Elefantes de guerra, que conceito… Mas teve algo parecido no Senhor dos Anéis, não? É, o Legolas inclusive matou um enorme. Mas não chamava elefante. Como era o nome mesmo? Olifante? Acho que era isso. Olifante. Por isso é que não dá pra parar de pensar neles. Tem elefante em tudo o que é lugar. Mas estou desviando da minha missão. Estou aqui tentando não pensar sobre elefantes. Certo? Vamos manter o foco, então. E depois? Que outro elefante? Deve ter sido no zoológico, mas não lembro de nada em particular. Quando era pequeno só me interessavam os grandes felinos e o macaco Tião. O zoológico não vai me ajudar. Elefantes, elefantes… Sei lá, lembro do clipe do Duran Duran, o Save a Prayer. Esse tinha um bando de elefantes. E, ah, o homem elefante. Que de elefante não tinha nada. Um cavaleiro, obrigado a pensar em elefantes a toda hora, pois o povo o comparava com um. Imagina só: ser obrigado a pensar em elefantes o tempo inteiro. Que terror. Então, foi isso. Acho que foram essas as minhas “interações” com elefantes. Ufa, até estou me sentindo melhor. Não estou pensando tanto em… neles, você sabe. Mas, engraçado, agora uma coisa me veio à cabeça. Tem aquele filme com o Will Smith, o Seis Graus de Separação, onde a Stockard Channing fala várias vezes sobre esse conceito, o de não conseguir parar de pensar em elefantes. O quanto das nossas mentes é de fato controlada pela gente? Será que não precisamos começar a considerar que a mente, a memória, e tal, por mais que façam parte da gente, não são A gente? Talvez assim fique mais fácil conviver com os elefantes que surgem na nossa imaginação e tanto nos angustiam. Sim, como se estivéssemos num carro percorrendo uma estrada, quando, de repente, uma pequena manada de elefante passa na nossa frente. Adianta torcer pra que eles não existam? Não, é inútil. Deixa eles passarem. Como é melhor deixar passar os elefantes que atravessam sua mente, sem ansiedade, sem medo. Uma hora, tenha fé, a gente nem vai lembrar deles. Assim como não vou lembrar da Stockard Channing. Ela tava nesse filme, mas ela fez um outro filme famoso. Qual foi ele mesmo? Ah, foi o Grease, mas, caramba, ela fazia papel de adolescente e já devia ter uns 30 anos. Deixa eu ver aqui na Wikipedia. Jesus, 34. Tinha 34 e se passava por 18. Ai, ai, por que essa Stockard Channing não sai da minha cabeça. Vamos lá. Como faço mesmo pra parar de pensar num negócio? Pensei nisso exatamente agora. Tinha a ver com a… Stockard Channing. Ai, Deus, e lá vamos nós de novo. Não pensar na Stockard Channing me lembrando pra não pensar em elefantes. Bom, em que filmes ela atuou mesmo? Deixa eu lembrar… tinha um que falava de elefantes. Você lembra desse? Vamos com calma, o primeiro filme que vi com ela foi…