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Sono

Duas semanas após a mudança, o síndico bateu na porta do casal de novos moradores. Trouxe um vídeo mostrando o marido de pijama destruindo, no meio da madrugada, a antena coletiva do prédio. O marido chorou de vergonha e a mulher explicou. O marido era sonâmbulo e, vez ou outra, fazia, dormindo, coisas das quais não se lembrava. “Mas a senhora não o impede?”, o síndico perguntou. “Até tento, mas, vez ou outra, eu acabo dormindo”, respondeu a mulher cansada.

Na semana seguinte o síndico apareceu morto. Não havia um vídeo, como no caso da antena, mas as suspeitas recaíram sobre o marido sonâmbulo. Quando a polícia veio interrogar o casal, a mulher absolveu o marido e confessou o crime. Todos sabiam que era mentira, mas confissão é confissão, e ela foi presa preventivamente. Antes de se apresentar ao juiz, dormiu no xadrez. Muito bem, diga-se de passagem.

No dia seguinte, revigorada e descansada, declarou-se, mais uma vez, culpada.

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