Ficção

Smart City Gulliver

Ele gostava de se considerar um sujeito normal, e até seria, não fosse a sua altura. Quando chegava em qualquer ambiente, sempre tímido e discreto, imediatamente se destacava: era maior que os outros; muito maior que os outros. Em todos os sentidos. Com pequenos abalos sísmicos, seus passos, mesmo de chinelos, denunciavam a sua entrada; sua cabeça e seus pensamentos, bem mais elevados que os nossos, quase chegavam às nuvens; e suas palavras iniciais, vindas…

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Labirintos e labirintos

Sou um colecionador de técnicas criativas e, nessa busca incessante por novas ferramentas e experiências, ontem comecei a fazer a oficina gratuita da Sheyla Smanioto, O Caderno como um Jardim. Não consegui assistir a aula ao vivo, nem antes de dormir, para fazer o exercício proposto, mas hoje de manhã rolou. Na primeira aula, Sheyla trouxe a ideia do labirinto como uma metáfora para a encontrar uma saída dos bloqueios criativos e dos vieses inconscientes…

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Revisitando Hogwarts

Graças à Alícia, estou assistindo em ordem e religiosamente aos Harry Potter. Lembro de ter lido o primeiro livro em 2001 e achado legal, mas nada de espetacular. Na época, inclusive, a minha impressão foi que até Os Olhos do Dragão do Stephen King, uma fantasia Young Adult bem rasteira, tinha me parecido mais imaginativo. Porém, passada toda a loucura midiática e com a perspectiva da série inteira, consigo ver alguns pontos positivos bem interessantes…

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Ficção

O DJ Fascista versus o Povo Brasileiro

7 de setembro de 2021 9:57 AM No bloco C do Edifício JK, de um apartamento não identificado, começa a tocar, num volume acima do esperado, o hino nacional. Dada a atual situação política, os demais condôminos ficam incomodados. Mas não fazem nada. 10:08 AM Depois de 2 versões remix do hino nacional e de uma versão à capela do hino da bandeira, Matilde Rocha, professora de Yoga sexagenária, decide se manifestar: – Desliga essa…

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Patriotite

Imagino que o patriotismo, como o apêndice, já pode ter tido uma função. Numa época mais primitiva, quando os recursos eram escassos, e as pessoas viviam com medo constante, prontas a matar seus vizinhos por qualquer coisa, o patriotismo devia funcionar como uma ferramenta de coesão grupal. – Por que eu não posso matar o meu vizinho, mesmo? – Ué, ele é seu compatriota. Vocês são da mesma pátria. – Tá bom. E por que…

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Os Sinais

Ninguém entendia por que, apesar de todas as tragédias, ela continuava lendo os jornais, mas ela tinha uma boa razão para fazê-lo. Perdidos entre os desmandos de ditadores; misturados aos sinais de crescimento da ganância e da ignorância; escondidos atrás das mortes pela peste, pela fome e pela guerra provocadas pelos insensíveis que não paravam de falar em Deus; lá estavam eles: os sinais. – Apesar dos pesares, se a gente olhar direitinho, dá pra…

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