O Editor Invisível

[oei#10] Um elogio à rabugice dos livreiros ficcionais e reais

Não sei se é de propósito, mas, em todas as obras cujo cenário principal é uma livraria ou um comércio de produtos culturais, as protagonistas invariavelmente são pessoas intratáveis e “fracassadas”. Não estou exagerando. Desde os moderninhos de Alta Fidelidade e Black Books, passando pelos inofensivos livreiros de Notting Hill e Mensagem para você, até o soporífero A. J. Fikry do livro e do filme de mesmo nome, todos são pessoas com vidas interiores razoavelmente…

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Ficção

O bom e o útil

Quando Carlão chegou na capela onde estavam velando meu pai, todo mundo veio me perguntar: -Você chamou ele?! -Não, eu não, claro que não. Vai ver só se eu ia chamar o Carlão. Eu? Não. E, não; antes que alguém duvide, não, eu não chamei ele. Apesar de ser o mais inconveniente e mal educado dos meus amigos, ele, sabe-se lá por que, desenvolveu algum tipo de amizade com o meu pai. Talvez fossem os…

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Poesia

Nanowrimo

Novembro Página em branco Cursor piscando Contagem de palavras na tela vazia ZERO Mente enevoada Coração pesado Culpa contemporânea mas de modelo antigo quase Judaico Cristã com notas de psicanálise ou, quem sabe, auto ajuda vintage O Tomate da produtividade sinaliza hora de começar Não sei o que escrever Rezo à Julia Cameron para guardar meu Caminho de Artista e digito “Eu não sei” Três palavras Já um começo de oferenda ao meu amo e…

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Ensaios

Centro

Há centro nenhum. No meio de tudo, há centro nenhum, apenas as margens existem. Muito se engana, quem busca por uma causa central. No meio de tudo, há centro nenhum, apenas as margens existem. O contexto é feito de bordas, apenas as arestas seguram o mundo. A ansiedade por uma explicação central é que gera a ilusão de que tudo emana de apenas um ponto. Esse ponto é uma fantasia que só atende à nossa…

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Ficção

Primaverar

Sem o conhecimento de seus devotos, os deuses, sob carnes mortais, uma vez a cada cem anos, viviam por um dia sobre a Terra para tentar entender o que experienciavam aqueles que os temiam. Nessas oportunidades, eles sentiam calor e frio. Nessas oportunidades, eles sentiam medo e paixão. Nessas oportunidades, eles se extasiavam com a vida e se desesperavam com a morte; dois conceitos que nunca poderiam experimentar enquanto divindades. Nessas oportunidades, com os pés…

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