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Como não domar um gato

Hoje, mais de um ano e meio desde que chegou a essa casa, ele finalmente se mostrou domado. Ao contrário da mãe que, apesar de arranhões e mordidas ocasionais, rapidamente encontrou onde se aninhar nos nossos corpos, o filhote resistiu bravamente. Ele fez de tudo para mostrar a sua insatisfação. Comia plantas; virava o lixo; cagava e mijava na pia; dormia no varal; e aparecia misteriosamente com uma série de pequenos e grandes ferimentos que…

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Essa dependência é de morte

Meu pai costumava contar uma piada besta sobre como a independência do Brasil foi um erro. Na verdade Dom Pedro, depois de se aliviar nas margens do Ypiranga, teria gritado: – Essa incontinência é de morte Mal entendido feito, o Brasil se libertou de Portugal. Ou quase. O problema do Brasil é que nunca tivemos uma revolução de fato. Tivemos revoltas. Muitas. Mas revolução, onde o povo se levanta e muda a forma de governo?…

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O que conversar em aglomerações

Estou há quase seis meses em quarentena e, sim, sinto saudades de pessoas. De certas pessoas. De algumas, durante essa pandemia, descobri, até quero distância. Por diversas razões. Quem disse que não há males que vem para o bem? Mas, na boa, muito me espanta esse povo que fura quarentena pra ficar aglomerado nas ruas do Leblon. Não acho possível que sejam movidos por uma irresistível saudade de alguém ou pela falta de contato humano.…

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O escritor carioca confinado

Toda vez que compartilho algum texto meu com colegas que não moram no Rio, recebo sempre a mesma crítica: “Pra que diabos você precisa ficar dando nome e endereço de tudo?”. Entendo a crítica, compreendo a irritação, mas, sorry, não posso fazer nada. É a sina do escritor carioca trampar de guia turístico. Machado de Assis fez isso, Joaquim Manuel de Macedo fez isso, João do Rio inclusive, olha a bandeira, tem um livro chamado…

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Ninguém sabe mais pedir desculpas

Mais do que os abusos que são cometidos por pessoas sem noção, o que parece mais nos deixar revoltados são os seus pedidos de desculpas. Quer dizer, as tentativas de pedidos de desculpas, pois, sinceramente, não há o menor pingo de verdade em nenhuma delas. Ao invés do famoso “eu estou/estava/agi errado, me desculpe/perdoe” que denota a passagem de poder do lado agressor para o agredido ao outorgar-lhe a habilidade de absolver seus pecados ou…

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Batman e os fascistas de 12 anos

Hoje de manhã estava preparando o café, quando me toquei como O Cavaleiro das Trevas tentou me tornar um fascista aos 12 anos. O ano era 1987, eu estava na 6a. série e um amigo trouxe aquela edição da Abril em formato americano pra escola. Babei. A arte de Klaus Janson, sim, ao contrário do que dizem os créditos, além da arte final, foi ele quem desenhou, era poderosa, crua e fenomenal; ao mesmo tempo…

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