Quando era um pré adolescente sem nada pra fazer, costumava passar boa parte das férias num sítio de um amigo meu. Entre pescar de peneira nos córregos da região, invadir os sítios alheios para tomar banho nas suas piscinas e jogar RPG pelas madrugadas, sobrava muito tempo. Como não havia internet, essa máquina que te impede de ficar entediado, mas só te distrai, era necessário inventar o que fazer. Quando as invenções se esgotavam, aí é que as coisas ficavam interessantes. Continue lendo
Arquivo do Autor: Lisandro Gaertner
O fim da fé
Nasci em 1974. 1 mês e 2 dias depois da renúncia de Nixon. Não, os dois eventos não estavam relacionados, mas de certa forma explicam o mundo onde cresci. Um mundo com a fé abalada pelas ações de um Ricardo III moderno que develou a cara do poder. Quase 3 anos depois, em 23 de março de 1977, o mundo dava sinais do medo que Nixon criou na mente deles. Dos 5 filmes indicados ao Oscar, o ganhador foi Rocky. Rede de Intrigas, Todos os Homens do Presidente e Taxi Driver, retratos da fratura causada nos Estados Unidos, foram preteridos em relação à uma fantasia mais fantasiosa, mas não mais imaginativa, que o Senhor dos Anéis. O mundo P.N. (pós Nixon) estava louco para acreditar em algo. Até num ogro com apenas duas expressões (de olhos abertos ou fechados) que vivia o sonho americano. Eu preferi não acreditar.
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Férias de Menino
Quando eu era pequeno, um dos maiores problemas que meus pais tinham era o que fazer comigo durante as férias. Os dois trabalhavam e não tinham com quem me deixar. Pra dificultar , eu ainda passava direto na maioria, senão em todas as matérias o que adicionava mais 15 ou 20 dias a esse período. Continue lendo
O armário que me pariu
Natália e Alfredo caminhavam pelo pólo moveleiro da cidade, em busca de móveis para o quarto do bebê que chegaria em breve, quando, pela terceira ou quarta vez, Alfredo se tremeu todo. Natália parou, largou a mão do marido, apoiou as mãos nos quadris, empurrando a barriga da gravidez pra frente, e lhe mandou aquele olhar que ele já conhecia bem.
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250 palavras
Fiz um compromisso comigo mesmo de escrever pelo menos 250 palavras por dia. Em alguns dias isso é fácil. As 250 palavras rapidamente se tornam 1000 sem esforço ou cansaço. Em outros, 250 palavras é quase uma maratona, como hoje. Justificativas para não escrevê-las eu tenho. Muitas. Inclusive posso emprestar algumas para aqueles que quiserem desistir de uma empreitada similar. O trabalho, a filha pra nascer, o cansaço, a falta de inspiração e assim por diante. Mas, como dizia um velho amigo meu, para não fazer algo existem mil razões, para fazer, apenas uma: querer. Continue lendo
Alta e Ansiedade
Não sei se foi a primeira, mas, se não foi, me marcou como tal. Eu tinha entre 15 e 16 anos, estava em casa, de noite, sentado à mesa de jantar assistindo TV. De repente, comecei a me sentir mal. Minto, não exatamente mal, mas, por mais idiota que isso pareça, estava ansioso. Tinha a clara e indiscutível sensação de que algo (ruim) ia acontecer. Tentei me acalmar e me concentrar na TV. Impossível. Tanto pela qualidade do que assistia quanto pelo que estava sentindo. Se ficasse alí, parado, como estava, eu sabia que algo de ruim ia acontecer. Por isso, decidi (?) que precisava sair. Continue lendo
