Poesia

5:25

Entregue à insônia, você tenta dormir mais uma vez, de vez. Mal fecha os olhos, na web radio, começam a tocar Fleetwood Mac, Stevie Nicks, 38 degrees, e tudo mais feito pra te des pertar. Você de siste e de cide dar mais uma chance à madrugada. Se está acordado, algum motivo deve haver, algum sen tido deve haver. Pelo menos até o sol nascer, até o sol nascer. Qual será a próxima música a…

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Ficção

As merdas do Arnaldo

Arnaldo, apesar de despachado com os amigos, socialmente era um homem de pudores. Por exemplo, ele nunca comprava papel higiênico no pico de movimento do supermercado. – Porra, Arnaldo, vai comprar papel. Tá pra acabar- Flavinha dizia. – Relaxa. Pra hoje tem. Vou amanhã. – Que diabo de frescura é essa, homem? – Porra, Flávia. Só não quero que o pessoal lembre que eu cago. – Arnaldo, cá entre nós, todo mundo caga. – Eu…

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Ficção

O taxista de Schrödinger

Outro dia, o cara chegou no botequim com uma questão interessante. Disse, ele, que ao pedir o pix do taxista pra pagar a corrida, apareceu um nome de mulher no aplicativo do banco. Pra confirmar se o dinheiro ia pro lugar certo, perguntou: – Fulana Sicrana de Tal? É isso mesmo? – Sim- o motorista confirmou.- Esse é o meu nome antes da mudança de sexo. Na hora, o cara congelou. Estava numa encruzilhada. Tanto…

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Blog

Agradecer faz parte

Não lembro do filme, mas lembro da frase: – Não rezo pra pedir. Rezo pra agradecer. Faz sentido. Pacas. Pedir é meio caminho pra ficar frustrado. Se não recebe o que pediu, você vai ficar puto. Com Deus, com o diabo, com o governo, com você mesmo. Há sempre alguém a se culpar pelo que não conseguiu. Além disso, mesmo se conseguir o que esperava, pedir é prestar menos atenção no que vem na sua…

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Ensaios

TT, superlativamente onipresente

Não lembro quando conheci a TT. Foi como se num momento ela não estivesse na nossa vida, e depois ela estivesse em, literalmente, todos os lugares. Uso literalmente sem exagero. Tínhamos amigos em comum aos baldes. Para onde nos virássemos ela estava lá. Na festa de um amigo de colégio, no chopp de despedida de uma amiga do prédio, num encontro na praça com um colega de trabalho. Ela não só parecia conhecer todo mundo,…

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Ficção

Nosso nome é Gal

O dia mais lento e mais agitado do sebo era sábado de manhã. Livreiros, ressaqueados dos abusos da sexta-feira, se escondiam, atrás do balcão, enquanto clientes solares e animados buscavam palavras, imagens e sons para lhes fazer companhia no fim de semana. Enfim, era exatamente o tipo de gente que queríamos receber todos os dias na loja, mas não naquele dia. Numa dessas manhãs, por volta das onze horas, um jovem casal entrou na loja.…

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